«A questão palestiniana, o Mediterrâneo e o Médio Oriente» foi o tema debatido no sábado à tarde, no Palco Solidariedade do Espaço Internacional, perante vasta e interessada assistência.
A ofensiva militar imperialista em vários continentes a que se assiste hoje, quando passam 100 anos do começo da I Guerra Mundial e 75 anos do início da II Grande Guerra, foi invocada por Ângelo Alves, da Comissão Política do Comité Central do PCP. Apontou as actuais guerras de pilhagem desencadeadas pelos Estados Unidos e seus aliados na Palestina, no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia ou na Ucrânia. E evidenciou a relação estreita entre as lutas de libertação nacional e as de emancipação social dos povos.
Carlos Almeida, do PCP, prestou homenagem ao povo palestiniano e a todos os que pegaram em armas para se defenderem da mais recente agressão de Israel. «Não foi uma guerra, foi uma agressão de um exército poderoso contra um povo; não foi uma guerra contra o Hamas, foi uma guerra contra o povo palestiniano; não foi uma agressão contra Gaza mas contra toda a Palestina», explicou. E deu números de dois meses de barbárie: 2143 mortos e 11 230 feridos, 600 mil refugiados, 19 000 estruturas civis destruídas ou danificadas, 46 000 habitações danificadas, 66 hospitais atingidos, 277 escolas danificadas, 285 locais religiosos afectados e 1,7 milhões de pessoas com dificuldades de acesso a água potável e electricidade.
Apesar da brutalidade da agressão, Israel foi derrotado: quis aniquilar a resistência palestiniana e não conseguiu; quis derrotar as forças revolucionárias e democráticas da Palestina e não conseguiu; quis destruir as infra-estruturas de resistência e de sobrevivência e não conseguiu. O povo palestiniano mostrou uma imensa coragem e impôs a unidade, unidade de que a OLP deve ser a maior expressão, considerou Carlos Almeida, para quem o exemplo da heróica resistência da Palestina mostra que «é possível enfrentar e derrotar o imperialismo e a sua máquina de guerra».
Dirigentes de três organizações combatentes participaram do debate. Nedal Fatou, da Frente Democrática de Libertação da Palestina, testemunhou o sofrimento quotidiano do povo palestiniano e a repressão desumana das tropas ocupantes e evocou a existência de milhares de presos nas masmorras israelitas. Alarja Jamal Hassan, do Partido do Povo da Palestina, destacou a importância da solidariedade dos povos com a luta da Palestina e da denúncia dos crimes cometidos pelo «governo sionista fascista israelita». Fayez Badawi, da Frente Popular de Libertação da Palestina, agradeceu o firme apoio do PCP ao movimento comunista árabe, acusou o «Estado terrorista israelita» de pretender exterminar os palestinianos e reafirmou que o único caminho para derrotar o imperialismo é resistir, «é a resistência, sob diversas formas, encabeçada pela luta armada».
Intervieram ainda no debate Stefanos Stefanou, do AKEL (Partido Progressista do Povo Trabalhador), de Chipre, e Ghassan Saliba, do Partido Comunista Libanês, que convergiram na denúncia dos planos belicistas do imperialismo para redesenhar o mapa do Médio Oriente, recolonizando-o e incendiando aquela região rica em petróleo, pondo em perigo a paz no Mediterrâneo Oriental e no Mundo.
De Cuba à Rússia
de Espanha à Índia
No Palco Solidariedade, «A crise do capitalismo mundial e a luta pela Paz» foram abordados no domingo, com moderação de Pedro Guerreiro, do Secretariado do Comité Central do PCP.
Participaram Ilda Figueiredo, do PCP, Edélis Santana Cruz, do Partido Comunista de Cuba, Francisco Frutos, do Partido Comunista de Espanha, Yuri Emelianov, do Partido Comunista da Federação Russa, e Christopher Fonseca, do Partido Comunista da Índia.
Muitos foram os pontos de vista comuns: o capitalismo envereda pela guerra imperial como saída para as suas crises; para o travar e derrotar, é fundamental ampliar, consolidar a unidade e reforçar a cooperação das forças anti-imperialistas; em especial, há que continuar a lutar pela dissolução da NATO, a máquina bélica do imperialismo.
A grande conclusão, como sublinhou Pedro Guerreiro, é a de que são os povos os protagonistas da História, a guerra não é inevitável, o imperialismo pode ser derrotado, o futuro da Humanidade está na Paz e no socialismo.